E por falar no ECA. Essa semana está em discussão o projeto (Lei nº 7.018/2010) que proíbe a adoção de crianças por casais homoafetivos, ou seja, adoção por casais homossexuais. É uma velha discussão, que já passou da hora de acabar.
Confesso que há muito tempo atrás, não era a favor e nem contra. Mas como o mundo gira, você amadurece e passa a analisar tudo de uma maneira mais imparcial. Hoje sou sim, a favor dessa adoção.
Para começo de conversa, vamos deixar as praticas religiosas de lado. Religião e senso critico não andam na mesma calçada.
Agora vamos aos fatos, o que alegam os defensores dessa lei: que a adoção por casais homossexuais irá expor a criança e/ou adolescente ao constrangimento (como a criança vai explicar para os amigos que seus pais são dois homens ou duas mulheres). Os mais puritanos alegam ainda, que o “modelo de família” é formado por pai e mãe (homem e mulher). Ainda há aqueles que insistem naquele antigo pensamento que as crianças adotadas por casais do mesmo sexo, se tornaram adultos homossexuais (balela!).
Ok, agora vamos pensar um pouco. É constrangedor expor a criança ao convívio com pais do mesmo sexo? Ela ira se tornar homossexual por ter pais assim? É constrangedor isso, é constrangedor aquilo...
Tudo é constrangedor para essa lei. Vou dizer o que é constrangedor: constrangedor é deixar crianças na rua pedindo esmola expostas ao crime e a violência sexual; constrangedor é deixar as crianças sem uma alimentação adequada, porque o pai não tem emprego; constrangedor é deixar as crianças fora da escola ou permitir que elas cheguem ao nono ano sem saber ler e escrever corretamente; constrangedor é não oferecer aos nossos adolescentes, chances de estudarem e se profissionalizarem; constrangedor é permitir que os chamados “casais ideais” (homem e mulher) adotem crianças, sem ter condições psicológicas para tal.
É muito mais constrangedor a uma criança ou adolescente chegar à escola com marcas de agressão, feitas pelos “pais idéias”, do que ser filho de pais homossexuais.
Precisamos rever o significado desse conceito “constrangedor”. Pois expomos nossos pequenos ao constrangimento muito mais do que parece.
E essa história de família formada por pai e mãe, não significa que a criança será bem tratada ou terá todas as oportunidades de crescer e de se desenvolver como um individuo, que pertence a um todo e precisa agregar valores que o façam respeitar outros indivíduos pertencentes a esse todo. Plagiando a letra de uma musica do Rappa: “Família é que você escolhe para viver, família é quem você escolhe pra você, não precisa ter conta sanguínea é preciso ter um pouco mais de sintonia...”. Caso a questão seja o carinho, casais do mesmo sexo são tão carinhosos quanto a dupla homem-mulher.
E para vocês casais homoafetivos que pensam em adotar, mas estão com receio, só um lembrete: há algumas décadas trás, quem era homossexual, era criticado e perseguido por assumir sua sexualidade ou escolher pessoas do mesmo sexo para namorar ou conviver junto. Apesar de ainda haver vestígios, a perseguição (mais severa) passou. Por isso, não se abalem, pois o “auê” dessa lei é passageiro.
Um forte abraço a todos